Como é a vida de um atleta universitário americano?

Como é a vida de um atleta universitário americano?

Entrevistamos um brasileiro que está por lá para nos contar melhor!

Hoje, sabemos que a realidade de muitos tenistas na América do Sul e no mundo, é competir e estudar por universidades americanas. Isso acontece porque os EUA é um país conhecido por apoiar severamente o esporte e não deixar de lado a parte acadêmica.

Sempre existirão divergências de opiniões quanto a escolha desse caminho para tenistas que ainda sonham em ser profissional.

Alguns defendem que para se tornar profissional, infelizmente é preciso se dedicar exclusivamente ao tênis, o que te impede de fazer faculdade enquanto estiver treinando.

Outros, acreditam que é sim possível cursar uma faculdade treinando, e após se formar, voltar a se dedicar exclusivamente ao tênis, e usam como exemplos, tenistas que atuaram no tênis universitário americano, que após se graduarem conseguiram despontar no profissional (Jhon Isner é um desses atletas).

Para ficarmos mais por dentro da realidade desse universo, resolvemos então entrevistar o tenista Paulo Siracusa, que estuda e joga tênis universitário pela Marist College, nos EUA.

Nome: Paulo Siracusa
Idade: 20 anos
Curso: 2º ano de Administração Financeira e Economia
Instituição: Marist College

1 - Paulo, desde criança você já pensava em fazer faculdade nos estados unidos como jogador de tênis universitário?
“Não. Quando criança meu objetivo era ser um jogador de tênis profissional, porém sempre mantive o tênis universitário americano como um plano B para caso o profissional não desse certo. Aos 17 anos, sabendo que o caminho para o profissional é extremamente competitivo e disputado, quis tirar dos meus pais, o peso que é patrocinar o filho numa carreira profissional, e então decidi ir para os EUA estuda e jogar.”

2 - Como é o nível da liga universitária? Era o que estava imaginando?
“O nível é muito forte, chagando quase a um nível profissional. No começo pensava que seriam treinos mais leves e menos cobrança, porém é totalmente ao contrário. No tênis universitário americano você faz parte de um time, portanto o jogador acaba se cobrando muito mais pois exige mais responsabilidade.”

3 - E a estrutura para treinamento da sua faculdade? Eles fornecem uniforme e equipamentos? Você acha que encontraria algo parecido no Brasil?
“Muito difícil encontrar a mesma estrutura no Brasil. Na minha faculdade eles fornecem todo o equipamento necessário para a pratica do esporte e 8 quadras de tênis além de academia exclusiva para atletas.”

4 - Como são tratados os atletas universitários aí nos EUA? Você se sente mais valorizado?
“Eu me sinto muito valorizado aqui, o que infelizmente, na maioria dos casos não aconteceria no Brasil. Até os professores respeitam e nos ajudam quando temos que viajar para torneios e consequentemente perder algumas classes.”

5 - Fale um pouco sobre a parte acadêmica? Como é essa conciliação com os treinos?
“Na minha faculdade, somos obrigados a não perder nenhuma aula em função de treinos. Os treinadores fazem uma grade horária que não gere conflito com o horário de aula dos atletas.”

6 - Como foi todo o processo para ser aprovado por uma faculdade americana? Você contratou uma agência especializada? Quanto tempo mais ou menos dura todo processo?
“Sim, eu contratei uma agencia especializada exclusivamente em levar tenistas às universidades americanas. O meu processo foi um pouco corrido, o ideal é você tomar essa decisão faltando 1 ano ou 1 ano e meio para se formar no ensino médio. Eu tomei a decisão de seguir para o tênis universitário faltando 6 meses para me formar, e por isso tive que estudar e fazer várias provas em pouco tempo, mas felizmente consegui boas notas e consegui ser aprovado numa universidade boa.”

7 - Você pretende voltar a jogar profissional após terminar a faculdade? Qual é o incentivo de sua universidade em relação a jogadores que pretendem investir na vida profissional após se formar?
“Não, eu pretendo apenas competir até me formar. Eles não incentivam muito, algumas faculdades, dependendo do desempenho do atleta, até bancam viagens nas férias para ele participar de torneios profissionais. Minha universidade é mais forte na parte acadêmica, e por isso não chega a investir nesse nível em atletas.”

8 - Você acha que para um tenista que deseja focar no profissional, o tênis universitário é uma boa opção? Quais são os prós e contras desse caminho?
“Acho que prós e contras depende muito da faculdade. Como disse anteriormente, minha universidade por exemplo, e muito difícil pois o foco principal é a parte acadêmica, mas isso foi escolha minha. Existem faculdades que são muito mais fortes nos esportes. Portanto se um tenista quer realmente jogar profissional e ter um diploma, eu acho bem possível com tanto que ele opte por uma faculdade que encara os esportes no mesmo nível da parte acadêmica.”

9 - Você já está no terceiro ano do curso. Em relação a parte acadêmica, o curso atingiu suas expectativas? Você se sente preparado para atuar no mercado de trabalho?
“Sim, com toda certeza. Um lado bem positivo das universidades americanas, é que dentro da faculdade eles o guiam para o mercado de trabalho e tem vários eventos com grandes empresas, os guias te ajudam muito em networking.”