Tênis em Cadeira de Rodas

Tênis em Cadeira de Rodas

A história e as maiores curiosidades relacionadas ao tênis paraolímpico.


Somos todos amantes do tênis! Mas somos mesmo? Para considerar-se, realmente, um apaixonado pelo esporte é preciso procurar saber à respeito de todas as possíveis formas que ele pode assumir. Então, hoje, como prometido na matéria anterior sobre a história do tênis, falaremos sobre uma repartição pouco explorada pelo público: o tênis de cadeira de rodas.

No quesito regras, o tênis de cadeira de rodas quase não diverge do tênis de quadra comum, a única grande diferença é que no primeiro o atleta pode permitir que a bolinha quique duas vezes em seu campo antes de devolvê-la para o outro lado. As raquetes e bolinhas são as mesmas. E, obviamente, temos as cadeiras, que foram criadas e adaptadas especificamente para o esporte em 1976, por Jeff Minnenbraker e Brad Parks, a aerodinâmica das cadeiras permite aos atletas mais equilíbrio e melhor mobilidade.

O tênis de cadeira de rodas surgiu nos Estados Unidos em 1976, e não demorou para crescer e ganhar seu espaço no cenário desportivo do país. Pouco depois do surgimento, na Califórnia, já acontecia o primeiro torneio. E em 1980 se iniciava o primeiro campeonato nacional. Oito anos depois o esporte já estava bem encaminhado para tornar-se parte do quadro das Paraolimpíadas, então foi fundada a IWTF (Federação Internacional do Tênis de Cadeira de Rodas), que um ano depois foi incorporada a ITF que é a responsável até hoje.

Foi em 1992 que o esporte estreou nos Jogos Paraolímpicos de Barcelona, e em 1996 o Brasil foi representado pela primeira vez. O marco foi realizado por João Carlos Morais e Francisco Reis Jr., duas lendas da época. Hoje, o Brasil possui 3 atletas no top 50 do ranking da IWTF, nas categorias feminina e masculina.

Falando dos atletas, o tênis de cadeira de rodas tem uma rainha. A atleta holandesa Esther Vergeer não pode passar batida quando se discute sobre o assunto. A tenista se aposentou em 2013, e é recordista absoluta em diversos aspectos da modalidade, alcançou metas que dificilmente serão alcançadas novamente.

A holandesa possui quatro títulos paraolímpicos em jogos de simples e três em duplas. Achou pouco? Vamos a outros fatos: Em toda a sua carreira profissional conquistou 700 vitórias contra apenas 25 derrotas; disputou 21 títulos de simples em Grand Slam e venceu todos eles; faturou um total de 169 troféus em sua trajetória; após a derrota contra a italiana Daniela di Toro em 2003, ela nunca mais perdeu! Foram 10 anos sem uma derrota sequer, 120 títulos consecutivos, 95 vitórias com parciais de 6/0 e 6/0 e somente 18 sets perdidos. Tudo isso em um total de 470 partidas. Esther Vergeer foi nomeada cinco vezes ao prêmio Laureus, das quais venceu duas.


A classificação para se tornar um atleta do tênis de cadeira de rodas se dá a partir da comprovação de um diagnóstico do atleta, que mostre uma deficiência relacionada a locomoção. Se o atleta não for capaz de participar de competições de tênis convencional por ter uma perda significante de mobilidade em uma ou mais extremidades do corpo, ele está habilitado a participar de torneios de tênis em cadeira de rodas.


Dentro do esporte, existem duas classes: Open e Quad. A primeira é onde se encontram os tenistas com deficiência permanente em membros inferiores e movimentação normal dos superiores. Já na classe Quad, os atletas possuem deficiência em 3 ou mais extremidades do corpo, ou seja, limitações de mobilidade das pernas, braços e dificuldade para segurar a raquete.


O tênis em cadeira de rodas exige dos atletas uma grande sintonia entre a locomoção e a estratégia. Assim como todos os esportes paraolímpicos, ainda falta muito suporte do público. Essa matéria busca informar e mostra mais uma incrível vertente do tênis que é possível explorar.


Visão da Autora:


Tive duas experiências relacionadas ao tênis de cadeira de rodas até hoje. Uma foi a oportunidade de assistir a duas partidas de dupla nos Jogos Paraolímpicos no Rio, em 2016. Fiquei impressionada com a movimentação do jogo, fiquei pensando em como era possível lidar com todas as complexidades táticas e técnicas de batidas do tênis e ainda comandar a cadeira pela quadra. Imagino que o costume de usar a cadeira venha com o tempo, mas mesmo assim me impressionou. Percebi que nunca tinha assistido o esporte na televisão, nem mesmo de relance quando estava trocando de canal.

A segunda experiência ocorreu nos Jogos Universitários Brasileiros de 2016, em Cuiabá. A comissão do evento disponibilizou espaços de experiência, pois foi a primeira vez que os esportes paraolímpicos estavam presentes nos jogos. Em um desses espaços haviam raquetes, bolinhas e duas cadeiras de rodas. Pude sentar e, com muita dificuldade, trocar bola em uma mini quadra e bater paredão. A experiência foi enriquecedora, e comprovou o que eu pensava sobre a habilidade com o controle da cadeira.